segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Como trabalhar remoto com python / django? Parte 03 (1ª ruptura)


Continuando com mais um poste da série "como trabalhar remoto com python / django?" Para falar um pouco sobre a primeira grande mudança (ou ruptura, ou mudança de mindset - forma de pensar) que veio com o meu primeiro trabalho remoto.

Mas antes vamos voltar um pouco. Na época eu morava sozinho, de aluguel em um apartamento razoavelmente perto do meu trabalho (presencial na época), logo não tinha do que reclamar. Contudo eu gastava uns 65% do que recebia de salário líquido com as despesas básicas (aluguel, condomínio, energia elétrica, comida, internet e por ai vai). Quando eu precisava comprar algo a mais, uma parte do que economizava ia embora. Um dia me veio à pergunta: em quanto tempo economizando (bastante) eu vou conseguir ter uma casa (AP) para morar? Ou pelo menos financiar? Pausa para falar de financiamento de imóvel (vale a pena?).

Na minha opinião o financiamento de um imóvel só vale a pena no seguinte cenário: quando o valor da mensalidade do financiamento é menor que o valor do aluguel do mesmo imóvel e deseja-se morar lá por algum tempo (anos). Juntamente com juros baixos. Assim no final de algum tempo o dinheiro que iria para o aluguel se converte em algo seu. Mas para que isso ocorra é preciso dar uma boa entrada (quanto menor o valor financiado menor o valor das parcelas).

De volta à história. Naquele ritmo (economizando bastante) ia demorar algumas décadas para que eu conseguisse juntar um dinheiro suficiente para fazer o financiamento do meu imóvel um negócio favorável, ou seja, que valesse à pena. Logo, ou eu ganhava mais (:D) ou gastava menos (ou ambos). Trabalhando remoto finalmente consegui ambos. (Nota) Por “economizar bastante” eu quero dizer: sem carro, sem cartão de crédito, meu celular (SGH-X480 flip) pré-pago, tentava cozinhar e ganhar as coisas que precisava. [Maiara falando: nunca comprar roupa e/ou acessórios que já tenha um em uso (ex: tênis que não pode ver chuva e algumas (muitas) blusas da época de adolescente/faculdade)].

Lembra do primeiro poste? Então, em 2012 eu consegui o meu primeiro trabalho remoto para o exterior. Assim logo no primeiro mês, já que posso trabalhar em qualquer lugar, eu posso pagar menos aluguel ou (melhor) nenhum. Me mudo para casa de parentes no interior e começo a trabalhar de lá. Mesmo ajudando nas despesas da casa a economia é muito maior (custo de vida mais baixo) além do ar puro e vida mais saudável. Transporte: a pé ou bike, comida caseira, despesas básicas divididas e nenhum aluguel. O que me faz lembrar que quanto mais simples é a vida, menos dinheiro é preciso, se preciso de menos dinheiro eu posso trabalhar menos e se posso trabalhar menos eu tenho mais tempo para fazer o que quiser. (Quem conhece o Eduardo Marinho a sua experiência de não ter nada? - são 16 minutos de vídeo que geram reflexões - TEDx)

A vida era boa, mas eu ainda sentia falta de um canto (e o casamento também já dava sinais de chegada), assim depois de uns anos consegui juntar o dinheiro da entrada e do básico para montar o AP. Agora, alguns de vocês podem estar perguntando: mas porque não pegar essa grana e sair pelo mundo como um nômade digital (como o Teles do casal partiu) ou conseguir um bom emprego e se mudar de vez do Brasil (ou sair velejando :D). Posso dizer que quase fiz isso algumas vezes, mas que por motivos pessoais acabei ficando. Minha experiência morando em Tóquio foi inesquecível e entre outras coisas me ensinou muito sobre saudade. Muitas vezes após certo tempo de convivência familiar (e certos eventos) chegamos a pensar que somos indiferentes a distância e a falta (eu pensei). Depois de seis meses de semi-isolamento em Tóquio a saudade pesou (das coisas mais simples. Você já ficou uma semana ou mais sem ver o sol? Chama-se inverno e não conhecemos por aqui). Talvez para cada um seja diferente, mas para mim a decisão de mudar fica sempre entre: oportunidade (exterior) versus família e amigos (Brasil).

Bem, mesmo com essa primeira ruptura proporcionada pelo trabalho remoto, eu ainda mantinha hábitos e alguma da disciplina anterior (ou talvez ainda precisasse deles). A minha rotina de trabalho ainda seguia algumas regras rígidas herdadas do trabalho presencial. Trabalhava remoto, mas como no presencial. Eu seguia o horário comercial de trabalho (de 9 às 18 com uma hora de almoço) e não viajava com o notebook de baixo do braço trabalhando onde pudesse (também não tinha dinheiro), ou seja, ao invés de encontrar um trabalho que precisasse de mim eu tentava me encaixar no que o trabalho exigia. Mas para mudar isso eu ainda precisava me conhecer e saber no que sou melhor fazendo.

Um tempo depois conseguimos as chaves do AP e no meio do ano de 2014 recebo por email uma proposta de trabalho presencial CLT (0.o) próximo ao AP recém entregue (que ainda precisava alguns ajustes para se tornar habitável. Como energia elétrica em todos os cômodos - longa história). Eu aceito e me mudo alguns dias depois. Divido meu tempo entre o trabalho de (em teoria) 20 horas semanais, outros trabalhos freelancer e os reparos do AP. Mas como diz o ditado: "só se dá valor quando se perde". De volta ao ponto eletrônico e ao uniforme (CLT) mesmo trabalhando meio período (em teoria e no contra cheque) eu sentia que algo me faltava (liberdade?). Sentimento que depois de algum tempo iria gerar a segunda ruptura (uma segunda mudança de mindset), mas que vou deixar para contar em um próximo poste. Abraço.

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